Monday, July 23, 2012

RDI - base teórica

Este é um resumo das minhas anotações so Seminário de RDI (Relationship Development Intervention) para Pais que aconteceu em New Jersey em maio de 2008. Foram 4 dias intensos.
Eu não concordo com todas as idéias colocadas no seminário, e nem tenho a intenção de convencer ninguém, Após o seminário nós trabalhamos 1 ano com uma consultora de RDI.

Em primeiro lugar, os profissionais do RDI pedem para que você faça uma reflexão do que é o autismo do seu filho/a e o que pode ser uma condição paralela. Por exemplo, falta de atenção, hiperatividade, disfunção sensorial, problemas gastro-intestinais, tudo isso é, segundo a filosofia do RDI, paralelo ao autismo e não o autismo em si.

Depois eles pedem para você analisar quais as terapias que seu filho/a faz que não tem comprovação de necessidade e a primeira da lista e fono.
Eles explicam que há diferença entre speech delay (atraso na fala) e speech disorder (transtorno da fala).
O atraso da fala seria um atraso somente, mas o seu desenvolvimento aconteceria de forma linear, como uma pessoa de desenvolvimento tipico, só que cronologicamente mais tarde.
Transtorno da fala, seria o desenvolvimento fora de ordem da comunicação. Nem sempre, só porque a criança já fala, ela necessariamente masterizou todas as etapas da comunicação.

É feita a reflexão em todas as terapias paralelas para uma análise de como está sendo usado o tempo da criança, o seu dinheiro e o que é realmente importante ser tratado.

Muitas vezes, nossas crianças tem uma lista enorme de atividades, mas não sabemos de fato o que está sendo tratado, qual é o objetivo a médio e longo prazo, nós pais precisamos saber os objetivos concretos e para o que a criança irá usar esse aprendizado, como esse aprendizado irá dar suporte e impulsionar a criança ao desenvolvimento relacional/social.

Segundo a filosofia do RDI, o autismo está na falha em construir as relações interpessoais porque a pessoa com autismo não desenvolve o básico para reconhecer as enterlinhas das relações interpessoais.


A pesquisa teórica para o modelo RDI e baseada no limiar da vulnerabilidade neurológica que causa falha do desenvolvimento do sistema dinâmico de realinhamento (feedback), confiança, resiliança (seria a capacidade de se recuperar de uma situação inesperada), relacionamento guia - aprendiz.

Isto causaria uma perda da participação guiada e perda de oportunidades para o desenvolvimento do pensamento dinâmico. Que acarreta na falha para desenvolver a inteligencia dinâmica. O que causa conexões neurologicas "pobres".

Em outras palavras, o autismo seria a falta de capacidade de desenvolver a inteligência dinâmica que requer pensamento rápido através de multiplos canais de informção, ou seja, o indivíduo não consegue processar a visão, audição, tato, olfato, paladar, sistema vestibular, tudo ao mesmo tempo em prol de uma única mensagem.

Complicado em palavras, mas é o que nós fazemos todo o tempo, quando conversamos com alguém, nós não usamos só os ouvidos, mas percebemos os gestos, a postura, a roupa, o cheiro e tudo mais que está em volta, mas nossos neurônios são conectados de maneira que somos capazes de colocar em segundo plano as informações que não são importantes e só colocar em evidencia o que é importante para o recebimento correto da mensagem. Na pessoa com autismo não há esse filtro e por isso a mensagem entra de forma confusa.

Com base na compilação de várias pesquisas sobre o desenvolvimento normal humano, Dr Gutstein criou a teoria do RDI com o objetivo de preencher essas lacunas do desenvolvimento da pessoa com autismo.

A organizacao  Autism Society of America fez uma pesquisa sobre a qualidade de vida das pessoas com autismo e os resultados sao desanimadores. De qualquer  maneira, o estudo mostrou que o QI não está ligado a qualidade de vida, a qualidade de vida é baseada na capacidade do indivíduo de morar sozinho, conseguir e manter um emprego decente, criar relações pessoais significativas.


                                        Auto-consciência

Por que a auto-consciência é importante?


Para regular as nossas próprias ações - Mudar o passo, monitorar como você está aprendendo, graus de emoção e como você está reagindo a isto, manter o foco, ser capaz de mudar rápido o foco de atenção.

Para auto-avaliação - Conhecer as próprias limitações e habilidades, progredir em direção das metas, entender ações baseadas nos próprios conceitos, valores.

Para auto-planejamento - Criar planos, preparar-se para consequencias negativas, ensaio mental de futuras ações, visualizar as metas.

A auto-consciência baseia-se das informações da Memoria de Episódios (Episodic Memory).

Episodic Memory mistura informações sobre eventos específicos do passado: a resposta emocional e o que aconteceu naquele momento e lugar em particular.

A Epiosdic Memory é responsável por criar motivação. Está sempre ligada a emoção.

Usos da Episodic Memory:
Lembrar do resultado positivo depois de um trabalho duro.
Rever para evitar de cometer os mesmos erros no futuros.
Lembrar de que você se recuperou depois de enfrentar dificuldades ou depois de um recuo.
Desenvolver futuros objetivos.
Rever desicões passadas e seus impactos.
Relembrar experiências positivas vividas com outros.
Integrar memórias numa maneira coerente para a construção da identidade pessoal.
Recontar experiências similares para enfatizar.
Tomar decisões baseadas na intuição (sexto sentido)
Determinar quando você pode confiar em alguém.
Estimativa realistica de tempo e dificuldades.
Estimativa realistica de qualidades e limitações.

Importante: Não saber no que prestar atenção por não conseguir distinguir o que é mais importante no momento da informação, fica muito difícil "estocar" uma Episodic Memory.

                     Processo do pensamento
Há dois tipos de pensamento.
Pensamento estático - Como aplicar o conhecimento em um ambiente estático. O que você sabe.

Pensamento dinâmico - O que você pode fazer com o que você sabe, num mundo real e em constante mudança.

Livro de suporte desta teoria: Aprenticeship in thinking by Barbara Rogoffe.

Aqui eles entram com uma crítica ao ABA, pois eles acreditam que os “trials” só promovem o pensamento estático que já é uma característica inerente ao autismo, por isso você não estaria trabalhando o maior deficit da síndrome que é justamente o pensamento dinâmico,que é a capacidade de resolver problemas inesperados através dos próprios pensamentos utilizando o conhecimento já adquirido.

Mas, nós sabemos que o ABA não se resume aos trials (DTT), mas quem tem uma visão simplista do  ABA em que você pergunta e a criança dá a resposta e é só, realmente corre o risco da criança somente seguir regras e não desenvolver o pensamento dinâmico que é a capacidade de resolver problemas de ser flexível.

A teoria do RDI define o mundo real como MESSIER ( mess quer dizer deordem, confusão; o sufixo ier quer dizer mais, então seria muito confuso) e a sigla é a abreviação para:
M = múltiplo
E = ever-changing = consatnte mudanças
S = simultâneo (pois acontecem várias coisas ao mesmo tempo)
S = surpreso (porque nós não podemos prever tudo)
I = imperfeiro
E = emocional
R = relativo

Outro livro citado: Emotional Development by Alan Sroufe

Qual é o seu objetivo?
Obediência em que a pessoa só segue as regras ou meditação, cuidado e atenção.

RDI tem o objetivo de encontrar o melhor caminho para reconstruir o potencial para "participação guiada". Quanlquer que seja este caminho, pois para cada indivíduo é único.
O cérebro continua em mutação pela vida e pode recuperar-se da falha em construir ligações neurológicas que possibilitam relações flexíveis.

O que é participacao guiada?
É modelar e promover a co-participação. "Olhe como eu penso." Direcionar a atenção e não o comportamento.

Aprender a pensar, participar e colaborar. Aprender a filtrar o que é importante e o que não é importante. O Guia faz o balanço entre desafios e suporte.

                                     "Me diga e eu esquecerei;
                                      me mostre e eu lembrarei;
                                      deixe-me fazer e eu entenderei."
                                                                Provérbio Chines


Desafios:
Estruture a atenção compartilhada. (Não é para seguir a liderança da criança, é exatamente o oposto, force a atenção da criança. - "É isto que nós vamos fazer." Deixe a meta clara.

Neste ponto eles criticam o Floortime e o SonRise porque seguem a liderança da criança. Para a teoria do RDI nós deveríamos basear o tratamento no desenvolvimento normal de qualquer pessoa e isto quer dizer que a criança primeiro é aprendiz, segue a liderançaa dos pais para depois "tomar as rédias". Eu não conheçoo muito o SonRise, mas pelo que eu sei os pais seguem a liderançaa da criança como porta de entrada e em algum ponto devem virar esse procedimento e passam a ser os líderes.
O Floortime eu conheço menos ainda e só sei de uma criançaa de 8 anos que mora no Chile que foi tratada puramente com o método do Floortime e posso dizer que nessa determinada criança falta limites, mas pode ser um caso específico e não "problema" do método Floortime em si.

Adicionar variação continua na participação guiada, assim você evita que se torne um sistema estático. Não dê a resposta, guie o pensamento nessa direção.

Seja seletivo nas suas respostas - Somente reaja para as intenções deliberadas de comunicação da crianca, não reaja a qualquer barulho ou som que a criançaa emite, isto só contribui para a confusão.

Construa desafios apropriados - O Guia é quem determina as metas

Progressivamente vá passando a responsabilidade ao aprendiz.

Somente foque no que é essencial para o aprendizado, não se preocupe com as habilidades instrumentais. Você pode ensinar essas habilidades instrumentais em outro momento. Por exemplo, se você quer rolar bola com seu filho usando os principios do RDI e a criançaa não tem coordenação motora suficiente para rolar a bola, você terá que ensinar a rolar a bola primeiro, com uma técnica mais instrumental, para depois fazer o exercicio do RDI com a bola.

Suporte:
Simplifique ou elimine as partes que não são essenciais.
Remova distrações (ponto comum para todas as técnicas)
Trabalhe uma coisa por vez (comum com o ABA)
Reduza a velocidade para criar momentos de reflexão.

2 comments:

  1. Interessante, mas achei incrível que o primeiro profissional a ser eliminado, é justamente o fonoaudiólogo. Como fonoaudióloga, posso afirmar que são poucos os profissionais que entendem qual a área de atuação da Fonoaudiologia. O campo de estudo e de atuação do fonoaudiólogo é a COMUNICAÇÃO HUMANA, que é muito mais abrangente do que apenas um transtorno da fala. Portanto, não consigo entender o fonoaudiólogo como dispensável para casos de autismo. Mas para atuar em autismo é necessário que o fonoaudiólogo se especialize, pois como a comunicação humana é uma área ampla que envolve vários fatores (neurológicos, motores, sociais, etc...), a especialização torna-se indispensável, por isso nem todo fonoaudiólogo está preparado para atuar em autismo, mas atrevo-me a dizer que, o fonoaudiólogo especialista nesse campo de atuação, torna-se um dos mais importantes aliados para o desenvolvimento de crianças autistas.

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    1. Rachel, meus dois filhos tiveram trabalho com fono, o mais velho tem essa intervenção até hj. Como eu coloquei no começo do texto, não concordo com tudo o q foi colocado no seminário. A verdade é q sim, qq pessoa q trabalhe com autistas, fono, TO, psiceologos, professores precisam ter um olhar sobre a maior deficiência no autismo q é a interação social, ou falta motivação ou falta de jeito de interagir.
      Como a boca é a área base de regulação sensorial do nosso corpo, o ideal é q os fonos q trabalhem com nossas crianças tbm tenham esse entendimento sensorial. A pena é q o q se vê são crianças sendo trabalhadas a aprender vocabulário fora de contexto, aqui cabe aos pais avaliar o trabalho do profissional e peneirar até encontrar alguém q aborde a comunicação como um todo e ensine os pais e demais envolvidos a estimular a comunicação daquela criança específica.
      Eu, em particular são fã das intervenções multidisciplinares em q um profissonal ensina ao outro o q está dando certo sobre aquela criança :-) e todos estimulam e dão suporte com o objetivo de desenvolver a criança como um todo.
      Se vc tiver interesse, faremos um curso em Valinhos da metodologia usada com meus filhos, tem informações no site www.paceplace.org

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