Friday, September 9, 2016

Pedro e a entrada na adolescência: abrindo caminhos ...


Vídeo gravado no Encontro AMais de 27/10/2018


A adolescência tem trazido oportunidades mais amplas de compartilhar interesses e explorar o mundo.

Muitas mudanças físicas, emocionais, mentais e sociais fazem parte do nosso dia a dia nesta fase, uma fase que eu temi tanto, mas apesar dos novos desafios há muito o que se aproveitar.

Minha ideia de vida é trazer meus filhos para minha cultura, minha crença, meus interesses e no futuro eles poderão decidir o caminho que acharem que se ajusta melhor a sua personalidade.

Eu tenho sempre muita curiosidade, muita vontade de aprender, estava me deparando com falta de tempo, uma lista enorme de coisas que ficavam para serem feitas depois, num rencontro comigo mesma surgiu a ideia de juntar o que era necessário com o que era desejado e engajar o Pedro nessa jornada. E assim, nosso objeto de estudo para treinar a leitura, interpretação de texto e aplicação do que foi aprendido são os Chakras.

Divido aqui com vocês uma pequena parte dos nossos estudos .... (se não gostar, pula o post :-))

Os Chakras são rodas de luz que envolvem o nosso corpo.


Mandala evita o pensamento racional. Ajuda a acessar a imagem e energia que desperta a sua mente inconsciente.















Olho de Deus inspirado no Chakra Muladhara, by Pedro


O Chakra Muladhara ou Base representa as necessidades instintivas, abrigo e alimento. A disfunção deste instinto de sobrevivência é a compulsão alimentar ou material.



Muladhara é o fundamento da vida. Confiar em quem somos e em quem confiamos são funções do Chakra Base.

As pernas representam raízes, é o que nos conecta a terra, é a nossa base. É interessante trabalhar o fortalecimento das pernas.


Não rejeitar o corpo, mas vê-lo como um meio de transformação do corpo e do espírito ao mesmo tempo.

 

Tudo que purifica o corpo também purifica a mente.

 

Bibliografia: A Bíblia dos Chakras, de Patricia Mercier




Thursday, September 1, 2016

Entendendo a passagem do tempo.

O que são 5 minutos? Quanto tempo leva só 1 instantinho?

Os números são grandes parceiros de algumas de nossas crianças, contar, identificá-los não é necessariamente um problema. Seu significado concreto, que representam uma quantidade também não é uma grande questão para alguns casos, mas quando os números representam algo incontável com os olhos? O tempo ...

A pedido de uma amiga virtual, comecei a pensar quando e como foi que meus meninos aprenderam sobre o tempo.

Lembro que para sair do parquinho sempre avisava "mais 5 minutos e vamos embora" depois "mais 3 minutos e vamos embora", depois "mais 1 minuto e vamos embora" até chegar a "é hora de ir", mas esses 5 minutos nunca foram 5 minutos verdadeiros, tudo dependia de um monte de coisas, mas eles entenderam que a antecipação para ir embora era feita em 3 chamadas, meus 5 minutos sem regra de tempo serviam ao seu propósito.

Mas chegou um tempo em que era interessante que eles soubessem que 5 minutos era um espaço de tempo diferente de 10 minutos. E para isso usamos o timer visual.
Hoje tem aplicativos que fazem a mesma função: Timer visual app

Mas como explicar o tempo dentro do dia. Eu dividi o dia em 3 partes. Manhã, tarde e noite. E cada parte do dia tinha um marcador de mudança. A manhã durava da hora do acordar ao almocar; a tarde era o depois do almoço até o jantar (jantavamos às 6 pm) e a noite era do jantar até ir para cama dormir.



E então eu preenchia com as atividades principais de cada horário, assim, com o visual e a experiência da semana foram aprendendo que cada dia é meio de um jeito diferente do outro, mas seguem um padrão, e que há férias. Por essa razão móvel da rotina, eu fazia num papel sulfite por semana, à mão mesmo e colava com fita crepe na parede da cozinha, a cada etapa do dia passada, riscávamos juntos o quadrado.

Até hoje uso as expressões "depois do almoço", "depois do jantar", "antes do almoço" para exclarecer quando pode algo, ou até quando tem que esperar no dia. Sim, já aconteceu de pedirem para almoçar as 9 da manhã só para ser "depois do almoço"logo ;-) e aí entra ensinar o limite que quem decide a hora de almoçar é o adulto.

O Luís aprendeu naturalmente a ver as horas, no relógio digital primeiro e depois pediu que eu explicasse o relógio de ponteiros, ele tem facilidade, então não foi nada que exigiu criatividade. O Pedro sabe ver as horas no relógio digital.

Para o entendimento dos meses as datas festivas eram o marco importante, eu tinha este calendário que ajudou muito pois podia colocar eventos do calendário geral e nossos particulares.

Também fiz de cores diferentes cartõeszinhos com ontem, hoje e amanhã, e todos os dias íamos ajeitar esses cartõezinhos e assim, pela experiência e repetição foi acontecendo o entendimento que hoje amanhã será ontem :-) e os meses do ano.

Saber contar os dias concretamente ajudou a reduzir a ansiedade dos meninos, quanto mais eles crescem, mais se mostra importante esse conhecimento. Mas, antes mesmo deles estarem prontos para contarem os dias sozinhos a vida aconteceu e eu tive que deixá-los por 7 dias para acompanhar uma cirurgia e radiação no pai dos meninos, na época eu ainda casada, por um tratamento contra um câncer. E, ainda meio sem jeito, porém com alguma ideia de contagem de tempo, surgiu o livrinho que contava 7 dias.

Para ver o livro, clique aqui.

Anos foram passando, em vários momentos a questão calendário ficava esquecida, quanto mais trabalhamos a co-regulação emocional, quanto mais trabalhamos eles serem crianças no papel de responsabilidade de criança, não precisam ter certeza que o mundo não irá acabar porque algo saiu do lugar, menos vamos usando recursos.

Mas daí chegou um outro grande momento, a entrada da adolescência do Pedro e a vontade de ter certeza que ele sabe do aniversário dele.

A antecipação começou a ser trabalhada 1 semana antes.



E então:
"Aos 3 anos de idade ele aprendeu através do ABA a responder a pergunta “How old are you?” como 3, feito com os dedos porque na época ele não falava.
Anos se passaram, e a resposta era sempre a mesma “3”, ele havia aprendido a responder, não a pensar …
Muita coisa foi sendo trabalhada, em outras frentes, com o objetivo em ele entender o mundo e não decorá-lo e foi no ano passado, que meio por acaso, ele respondeu, no dia do seu aniversário “twelve years old”. Foi um êxtase! Uma amiga veio em casa, como ela também fala inglês, fiz a pergunta (com a intenção de simplificar para o Pedro) “How old are you?” e ele respondeu a esta minha amiga, 12 anos, em português, porque, afinal, ele sempre ouviu ela se comunicar em português. Nesse dia fomos a quitanda, celebrar não só o aniversário do Pedro, mas o entendimento dele sobre o aniversário. Fomos a quitanda porque o pessoal de lá acompanhava o expandir na alimentação do Pedro ano passado e se tornaram os nossos amigos próximos.
Este ano o objetivo é trabalhar a antecipação do aniversário, e a ideia inicial era explicar que no dia do aniversário “trocamos” de idade, não precisou, porque ontem o Pedro respondeu a outra amiga a pergunta “quantos anos você vai fazer?” com um bom “13 anos”. Mas, usamos a ideia do Eric Hamblen para contar os dias até a data … e fica a dica pra quem precisa ensinar essa troca de idade, se eu soubesse antes … esse sentimento de antecipar o aniversário é tão legal e ele merece ..."

Post no Face Book em 30/08/2016
https://www.youtube.com/watch?v=p2Wig4kw1wY






  



Friday, August 19, 2016

Porque ele merece sempre mais ...

As crianças, independente dos desafios que encaram em seu desenvolvimento merecem caminhar sempre na direção de uma vida plena, até onde irão se desenvolver não cabe a nós, cuidadores limitar, pelo contrário cabe a nós aproveitar as oportunidades naturais para que o desenvolvimento aconteça.

O Pedro é um adolescente com autismo severo, isso quer dizer que ele precisa de monitoramento e suporte as 24 horas do dia, isso NÃO quer dizer que ele não faça nada sozinho, por ele e pelos outros.

Sua fala veio por volta dos 10 anos, aqueles diálogos cansativos em que ele faz as perguntas que já sabe a resposta, mas ele não precisa ficar estagnado aí, ele merece mais ...

O diálogo predominante era:
- Você quer maçã? - Perguntava o Pedro quando ele queria pedir maçã. - no início da sua fala isso já era o bastante para repetirmos a pergunta e dar a resposta. Mas, chegou o momento que ele mereceu mais ...
Então o diálogo se transformou em:
- Você quer maçã? - Perguntava o Pedro
- Não, obrigada. A mamãe não quer maçã. - eu reposdia
E o Pedro ficava ali, perplexo me olhando, sua perplexidade puxou seu cérebro a tentar novas estratégias.  - Sim!- Agora não -  ou - Pode pegar. - respostas que ele ouvia, mas eu seguia ali, a espera. Na primeira semana ele desistiu algumas vezes, outras demorava uns bons minutos até pensar com a própria cabeça e pedir. - Posso comer maçã? - e esse é o goal, que ele pense com o próprio cérebro.
Na segunda semana já acionava o pensamento em 5 segundos.
Na terceira semana a pergunta já vinha da forma correta na primeira tentativa, então, porque ele merece sempre mais ... chegou a hora de corrigir seu tom de voz.



Pedro usa um tom de voz de estresse, agudo, é quase uma característica dele o tom que usa ao responder "não", porque ele merece sempre mais o meu objetivo é retirar esse estresse do seu tom de voz, que tem razões importantes para desaparecer explicadas por seu terapeuta Eric Hamblen (AT EASE Model) e que eu não me lembro bem, mas sei que já está mais do que na hora de ajustar mais isso na vida do Pedro.

Muito se fala em diagnóstico precoce, em intervenção precoce e de fato intervir precocemente é super importante, mas não dá pra acreditar que intervenção em crianças de 5 anos é precoce, isso é só intervenção. E o tratamento deve seguir pela vida, acompanhando a idade da pessoa, não dá para segurar nossas crianças numa eterna infância, por mais que eles pareçam gostar, simplesmente não é saudável e não incentiva o desenvolvimento.

Sim tem muitas habilidades que eles ainda precisam adquirir, mas há sempre maneiras adaptáveis conforme a idade para as habilidades serem trabalhadas.

O Pedro ainda precisa de treino para uma melhor consciencia corporal, cruzar a linha mediana, agachar e levantar, ritmo, mas aos quase 13 anos não dá para ficar no 10 indiozinhos.



Na minha experiência, criar meus filhos autistas é um constante reiventar. Não quero meus filhos dependentes de rituais ou de rotinas explicadas, quero meus filhos soltos e relaxados com a certeza que as pessoas estão no mundo para dar suporte umas as outras, não para serem usadas em rituais,  e em alguns momentos eles serão os que darão suporte.

Não quero a dependência em tablets, apps, cachorros ou qualquer outra estratégia, simplesmente não quero dependência que não seja a saudável emocional. Quero que eles sejam sempre capazes de tolerar confusão pois sentir-se confuso é uma etapa importante do aprendizado, e quero eles sempre aprendendo, quero eles capazes de tolerar frustrações porque essa tolerância é fundamental para os seres sociáveis.

Quero um mundo melhor, mais solidíario, mais inclusivo para meus filhos e todas as gerações, quem não quer?
Mas quero mais que isso, quero meus filhos para o mundo, para serem contribuidores pela solidariedade, compaixão e inclusão.

Marie Dorión

Thursday, February 18, 2016

Grupo de apoio a pais e familiares - fevereiro/2016




Algumas ideias de exercícios de relaxamento para fazer em família: