Thursday, September 9, 2010

Ser mãe


Ser mãe de uma criança com necessidades especiais faz com que o papel de mãe tome um rumo e uma dimensão jamais antecipada. As mães se tornam coordenadoras pedagógicas, enfermeiras, terapistas e militantes de uma causa. As mães aprendem jargões técnicos, procedimentos médicos e técnicas educacionais específicas.


Enquanto enfrentamos exaustão e frustrações, nos tornamos mais fortes e mais maduras. Nós cuidamos dos nossos filhos com necessidades tão específicas sem um pré-treinamento formal e com um reconhecimento e suporte limitado da comunidade em que vivemos.


As mães que seguem com seus trabalhos por necessidade financeira sentem-se constantemente em falta, e as mães que conseguem ter a opção de ficar em casa e dedicarem-se aos filhos encaram outros desafios, como isolamento e falta de tempo até mesmo para cuidar da própria saúde. Como resultado de tamanha dedicação que a situação requer, hobbies, ginástica, amizades e outros interesses diminuem radicalmente e em muitos casos até desaparecem.


Nós, mães sempre sentimos que deveríamos estar fazendo mais - pesquisar uma nova terapia ou medicação, fazer um telefonema que possa ajudar, militando por um programa especial ou reconhecimento da causa. Somente juntar toda a papelada e relatórios que acompanham nossos filhos já é uma montanha de trabalho.


Para as que temos mais de um filho, achar um balanço entre as necessidades urgentes e o que é importante para cada criança na maioria das vezes parece uma tarefa impossível. A maioria de nós acabamos o dia tão exaustas e exauridas de energia que até dormir fica difícil, com esse quadro manter o casamento estável e nutrido é muito difícil e requer muita paciência e amizade de ambas as partes.


Administrar tanto estresse e múltiplos papéis pode acabar por fragilizar a saúde da mãe e tirar o senso de bem-estar. Porém é essencial cuidar da sua saúde física e mental para poder cuidar do seu filho com necessidades especiais pelos anos à frente.


Seu filho pode ser o que há de mais importante na sua vida, mas não pode ser o único de importante. Quando as necessidades das crianças são demais, é fácil acabar numa posição de esgotamento.


A maioria das mães, de qualquer forma, encontram em elas mesmas uma força interior que elas jamais imaginariam que existia.


Enquanto pais e outros membros da família também fazem sacrifícios, as pesquisas mostram que são as mães quem suportam o peso de cuidar e criar as crianças com necessidades especiais.


Para muitas mães, especialmente aquelas que tem filhos com necessidades especiais, nossa realidade não combina com que a sociedade nos ensinou quando éramos jovens ou crianças. Se você cresceu nos anos 70 ou 80 provavelmente tinha a impressão que você poderia ter tudo: carreira, tempo com qualidade com a família, companheirismo e igualdade com o marido, uma casa em ordem e bem administrada e ainda ter tempo para ir atrás de suas paixões.


Porém, às vezes, nós passamos a vida de uma crise a outra e parece nem haver tempo para considerar seus objetivos pessoais porque já é difícil só levar o dia-a-dia.


De acordo com pesquisas, as mães mais felizes são as que conseguem acomodar suas expectativas com o que a vida nos traz, ou seja, as que são capazes de criar novos objetivos se a vida mostra que os anteriores são inatingíveis. Esta flexibilidade é o componente chave para resiliência (a habilidade de levantar e reconstruir). Se você tem resiliência, você será capaz de enfrentar os desafios, as frustrações e as perdas sabendo que os tempos difíceis vão passar encontrando um caminho para crescer com as adversidades da vida.


Segundo o pesquisador e psicólogo Dr Christopher Peterson da University of Michigan, você tem que distinguir entre a vida que é cheia de prazeres e a que é cheia de sentido.


Dr. Martin Seligman, um pioneiro na psicologia positiva e autor do livro "Authentic Happiness: Using the New Positive Psychology to Realize Your Potential for Lasting Fulfillment" existem três níveis de felicidade:


1. A vida de prazeres: este é o que a maioria das pessoas pensam como "felicidade"que na verdade é um subproduto da mídia, a vida deve ser repleta de emoções positivas.


2. A vida ocupada: as pessoas que se colocam em posições ocupadas usam suas habilidades para serem os melhores no que fazem. Geralmente seus interesses tomam quase todo o tempo de suas vidas e esses interesses são buscados com paixão.


3. A vida com sentido: Neste nível mais alto de felicidade, as pessoas que são dedicadas usam os seus interesses e talentos para um bem maior, o de ajudar o próximo e a comunidade. Elas buscam o que elas amam, enquanto fazem parte de algo maior que elas mesmas.


Por isso se você deixou seus objetivos de vida para trás, retome-os ou pense em outros que a realidade lhe trouxe à tona, mas tenha objetivos para você mesma!


Bibliografia de apoio:

Amy Baskin e Heather Fawcett - More than Mom - Living a full and balanced life when your child has special needs.

8 comments:

  1. Marie,
    lindo!
    tocou fundo.
    Grata por mais este presente.
    bjs e excelente fds.
    Ana Muniz

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  2. Marie minha linda, como sempre, vc é demais :)
    Vc fez um raio x das nossas vidas e um manual p/ as que estão chegando.
    Vou repassar, ok?

    Um bj!

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  3. Minha inspiração! Vc é fox... Adorei! Me tocou profundamente, disse tudo que eu queria. Renova as nossas energia ler um texto assim. Muito bom saber que vc faz a diferença em nossas vidas. Abraços!!!

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  4. É isso Marie! Aprendemos no dia a dia, não é? Como seria bom se as jovens mães, que estão começando a trilha nesse momento, entendessem com o coração e a mente que assim é que deve ser!

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  5. Devo muito a vocês duas, Marie e Haydée, por ter entendido que é assim que deve ser... beijos.

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  6. Xou de bola de texto, parabéns!!!!

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  8. OLÁ!
    Ontem tentei colocar um comentário, mas na hora de publicar tudo se perdeu, mas hoje vou escreve-lo de novo, pois é assim que nós somos persistentes...

    Sou mãe de uma menina com Paralisia Cerebral(Tetraparésia), quando li o seu texto senti tudo o que a minha vida se resume, como outras mães também sentirão e como futuras mães irão sentir, isso a meu ver é um bom sinal pois a meu ver estamos a ir num bom caminho...

    Vejo-me na vida com sentido, no entanto ainda existe muito ser humano a viver na vida de prazeres...

    No que respeita ao casal, realmente é dificil termos tempo um para o outro e quando por vezes pedimos ajuda a terceiros para que o casal não desapareça, existe quem não compreenda, no entanto após a rotura do casal(com ou sem criança Especial)todo o mundo já vai ajudar, é lamentável e triste pois um pouco de ajuda ao próximo que por vezes é sangue do próprio sangue poderia evitar que mais uma familia se destrui-se, pois com muita tristeza minha esta situação começa a ser normal... O meu marido têm-me apoiado a mim e à Mariana mas até quando ele terá essa força, pois como você disse normalmente a MULHER é que aguenta mais as situações, não é que ele não tente continuar mas por vezes sente-se o cansaço físico e emocional dele, mas na manhã seguinte lá está ele ao pé de nós...

    Tento ajudar a mim mesma e aos outros também, pois quem sabe mais deverá de compartilhar com as familias que sabem menos pois só assim poderemos proporcionar a essas familias mais qualidade de vida,irão ficar de certo mais cientes do que têm nas mão.

    Agradeço do fundo do coração conhecer mães como vocês a demonstrar qual a maior Virtude do Ser Humano, que é o AMAR, o Verdadeiro Amar que passa barreiras de esforço tanto físico como psiquico em prol do outro...

    Beijo
    Mónica Afonso, Portugal
    Página no Facebook da minha Princesa Mrianita: "Ajudem a Mariana!"

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