Wednesday, July 24, 2013

Colocar a criança com autismo de castigo?

Tem coisas que me tiram o sono ...

O que é castigo?
Um castigo é uma sanção usada para reprimir uma conduta considerada incorreta.
Os castigos podem ter caráter educativo (aplicados em casa e nas escolas), disciplinar ou judicial.
No caso das crianças e jovens os castigos podem dividir-se nos seguintes tipos:
    •    Castigos corporais
    •    Castigos restritivos
    •    Castigos impositivos

Um castigo restritivo é um castigo que restringe a realização ou execução de algo que a criança gosta. São exemplos tradicionais de castigos restritivos na escola: não ir ao intervalo, não participar numa festa ou não ir a uma visita de estudo. Em casa: não ver televisão, não jogar no computador, não ouvir música ou não sair de casa (para ir ter com os amigos, por exemplo).
- Wikipdeia

Ainda pensa-se que este castigo não pode acontecer no quarto porque pode causar problemas para dormir, então é algo realmente traumático para a criança?

Primeiro, a pessoa para ser castigada precisa saber o porque está sendo castigada, muitas das nossas crianças não sabem pois agem por impulso, por uma sensação de defesa, outras agem na tentativa de se comunicar. Castigar não é ABA, castigar vai contra os princípios do ABA que trabalha sim com consequencia, mas a consequencia é positiva e principalmente é uma técnica pro-ativa, daí a importância da análise do comportamento. A idéia é dar ferramentas a pessoa para que ele tenha outros meios de comunicação, auto-regulação e co-regulação que não sejam comportamentos inadequados.

Colocar a criança no quarto ou removê-la da situação para que ela se acalme até um nível em que ela pode aprender é recomendado, essa remoção NÃO é e nem deve ser , em hipótese alguma uma punição para a pessoa, nem um castigo, é uma forma de auxiliar a pessoa que está desrregulada a encontrar um nível de equilíbrio cerebral através da auto-regulação para que possam ser usadas técnicas de co-regulação.

Tem diferença para castigo? Sim, TOTAL DIFERENÇA. A atitude faz TODA a diferença na experiência que a pessoa vai vivenciar.

A remoção para AUXILIAR a criança em hipótese alguma pode ser traumática e partindo dessa premissa não há razão para não acontecer no quarto da criança que deve ser visto por ela como um lugar para relaxar, e a remoção da situação que gerou um descontrole da pessoa com autismo deve ser feita com o objetivo de auxiliá-la a se acalmar.

Se a pessoa sente raiva, ou fica brava com os pais ou cuidadores por terem sido removidos de alguma situação por um comportamento inadequado, deve-se auxiliar essa pessoa a conectar com a emoção correta, eu não devo sentir raiva de um cuidador, e sim devo sentir-me triste se quem cuida de mim ficou decepcionado com um comportamento meu.

Remoção de brinquedo favorito, isso NÃO é reforço positivo! Como o próprio nome diz, reforço positivo é receber algo POSITIVO como recompensa e não ter algo removido como punição. O uso de reforço tangível primário tem toda uma metodologia e em alguns casos é recomendado no início das terapias fazendo-se o pareamento social e planejando a substituição da comida. Não é para ser usado para parar uma birra grande! Isso, nos princípios do reforço positivo estaria sendo uma recompensa à birra.

Por definição, as pessoas com autismo tem dificuldade de conectar com a emoção certa, principalmente às que se referem aos seus comportamentos, sentem medo e raiva, nós temos que ajudá-los a sentir tristeza e vergonha quando fazem algo inadequado, isso é o que auxiliará o controle de impulso. Nossas crianças não são mimadas ou mal educadas, nossas crianças são frágeis emocionalmente e precisam de guias emocionais para que consigam entender e navegar as regras sociais.

http://www.umavozparaoautismo.blogspot.com.br/2011/08/reforco-positivo.html
http://www.umavozparaoautismo.blogspot.com.br/2011/08/diferente-resposta-diferente-reforco.html
http://www.umavozparaoautismo.blogspot.com.br/2011/08/regras-para-o-reforco-positivo.html

7 comments:

  1. Muito bom!
    Aprendemos com você e o Eric, e eu tenho várias cenas na minha memória do Davi voltando do quarto enxugando as lágrimas e dizendo: pronto, estou calmo, ou parei de chorar, ou não estou mais bravo.
    Tenho inúmeros exemplos disto com ele, acho que foi uma das coisas mais importantes para o Davi ter aprendido a removê-lo da situação.
    No começo demorava um pouco, mas ele aprendeu rápido e hoje quase não é preciso usar esta técnica, e para ser sincera, às vezes ele mesmo vai para o quarto sozinho para dar uma 'respirada'.
    Pena que não tenho as cenas gravadas, mas era exatamente isso!
    Parabéns e obrigada Marie!

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  2. ótima matéria, obrigada por compartilhar !!

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  3. Tenho dois filhos e o menor tem diagnostico de autismo, a mais velha está com suspeita. Fico triste qdo vejo minha filha colocar o dedo na boca e ou chorar por não saber lidar com as angustias e nem com seius sentimentos. Gostaria muito de ajuda-lá mas devo estar piorando , pois qdo a vejo com o dedo na boca , chupando fico muito triste!

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    1. Talvez estes links ajudem a vc entender um pouco mais o que acontece com sua filha ao processar as emoções e a ter ideias de como ajudá-la de outra forma:
      http://umavozparaoautismo.blogspot.com.br/2012/03/sentimentos-e-o-autismo-i.html

      http://umavozparaoautismo.blogspot.com.br/2011/06/educar-emocao.html

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  4. Marie Como posso ensinar minha filha a ter a dimensão quase exata das suas emoções , lidar com as frustrações e medos? Venho de uma separação muito complicada e agora eu e o meu ex marido estamos nos entendendo de forma civizilizada em relação as crianças e parece que vou poder contar com a ajuda dele. Obrigafa

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  5. Antes de ter o diagnóstico do meu filho eu o disciplinava nas crises de birra, mas a partir do diagnóstico entendi que o castigo não era compreendido por ele, ele parava a acao por medo, fico imaginando como ele se senti nos momentos em que o disciplinei...o seu texto foi muito apropriado e vai abrir os olhos de muitos pais. Parabéns, você escreve muito bem!

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