A correria do dia a dia acaba nos ensejando a não refletir sobre todas as alegrias e bençãos que desfrutamos em nossa vida, estando no modo automático, preocupados com nossas obrigações de pais, maridos e esposas, trabalhadores, mas isso não deve nos impedir de dedicar parte do nosso tempo a este pensamento, do mesmo modo que não nos exime da responsabilidade que cabe a cada um de nós.
Poder agradecer à Deus pelas bençãos na família, a saúde, o emprego, pelos nossos amigos tende a ser o pedido padrão, afinal, quem de nós não quer ver as pessoas que gostamos estarem bem, como a notícia de uma amiga que desejava uma gravidez e compartilhar esta alegria, ou o reencontro de familiares separados pelas mais diversas razões, mas que retomaram suas ligações, a conquista do familiar de um emprego em um dos melhores hospitais de referência de São Paulo após a angustia do desemprego, um encontro de amigos, ainda que por um breve período, e receber a notícia do quão importante foi sua presença naquele dia, além das conquistas pessoais, como a superação de conclusão de um curso de especialização em uma grande instituição de ensino em uma área que não era a sua de atuação, com um emprego em um grande Banco para quem era considerado desenganado pelos médicos aos oito anos de idade que era tido como vegetativo na melhor das hipóteses e que com muita sorte deveria concluir o ensino fundamental, mas com seus 31 anos conseguiu superar as dificuldades da vida... dificuldades e superação... acho que este passa a ser o principal aspecto a ser agradecido, pois diante delas saímos deste modo automático e passamos a refletir um pouco sobre a nossa vida e nossos valores.
Dizem que à ninguém é dado um ''fardo'' mais pesado do que podemos suportar, e apesar de ser inerente ao ser humano geralmente preferir o agradável à dificuldade, são nestes momentos em que passamos a nos tornar pessoas melhores, e neste contexo que passo a apontar o thanksgiven neste ano.
Há cerca de seis meses diagnosticamos o espectro autista em nosso filho Pedro Henrique, com dois anos e meio à época, e como a maioria dos pais, a primeira sensação de medo, afinal, o que iríamos fazer, não estávamos preparados, pais de primeira viagem e com esta notícia, mas passado esta fase e, com o apoio de familiares, amigos que conhecemos nesta trajetória como a psicóloga do Pedro, Michele, e agora a Marie, além de outros pais que vieram a apresentar que o Pedro continua sendo o Pedro, nosso filho, e que cabe a nós pais e família, continuarmos os ''nossos papéis'', sendo o seu guia para proporcionar a base e juntos, construirmos a sua trajetória, que não estamos sozinhos, e com isso, nossa visão passa a ser de entender melhor nosso filho, compreendendo seus medos, angústias e dificuldades, mas acima de tudo, que ele precisa de nossa compreensão de que ele tem limitações, mas nem por isso deve ser rotulado e incapacitado, ao contrário, ele é um ser humano com sentimentos, sonhos, e deve lutar por isso no seu ritmo e tempo, e mesmo que estejamos com toda a correria da nossa vida, estressados com o nosso trabalho, nada como chegar ao final do dia e ver o seu sorriso e compartilhar que o papai ou a mamãe chegou, situações que sem dúvida, apontam que vale a pena, e principalmente, temos que juntar um pouquinho de força extra e dedicarmos a sermos pessoas melhores para compartilhar estes momentos com nossos filhos, sendo que assim, agradeço por ter esta oportunidade de me tornar uma pessoa melhor, principalmente para o Pedro.
Um grande abraço
Caio Augusto F. Santos
Pai do Pedro Henrique
É isso aí, Caio! Sempre em frente, não importa quantas paradas precisemos fazer......afinal, uma paradinha para respirar é sinal de inteligência, e ser pai/mãe não é sinônimo de super-herói, certo? Grande abraço!
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