Tuesday, November 11, 2014

Thanksgiving por Haydée Jacques


Mais um ano passou e aqui estou fazendo um apanhado dos motivos que tenho para agradecer.


Bem, tenho meu marido, companheiro de todas as horas, há mais de 25 anos. Como não me sentir grata? Nosso filho mais velho que bateu asas do ninho paterno e tem seu prórpio cantinho: feliz ele, felizes nós, certo? Nosso caçula, nosso autista, continua evoluindo, em seu tempo e ritmo, incessantemente. Através do autismo conheci pessoas especiais, nossas vidas são muito mais plenas e ricas graças a ele. Como não agradecer,não é mesmo?


Mas, na verdade tenho um grande motivo para agradecer ao Criador, sempre e sempre: o fato de estar aqui agradecendo. Afinal estou viva para agradecer, não é mesmo? A vida sempre vale a pena.


Não acredito em anos bons e anos ruins. Todos os anos são bons, a vida não é sobre o quão festiva ela é, mas sobre o quanto aprendemos e nos tornamos pessoas melhores, fazendo a diferença na vida dos outros. Sendo assim, todos os anos são bons, ainda que possamos não ser suficientemente sábias para nos apercebermos disso.


Há sim, anos mais ou menos difícies. Os anos difíceis geralmente são os melhores.


Esse ano de 2014 foi dificílimo.


Sofri a maior perda que jamais tive ao longo dos meus 60 anos. Perdi
meu pai, minha referência de ser humano, meu esteio moral desde sempre. Muito difícil. Aprendi que a dor fere, quase nos paralisa, mas a vida segue e nós com ela. Vamos capengando, lastimando a ausência do ser querido, mas vamos em frente.


Aprendi,com uma tragédia brutal, ocorrida com a família de minha mais antiga amiga, que somos fortes, muito fortes. Não nos deixamos desintegrar ou esfacelar, apesar da barbárie. Nos unimos,nos apoiamos, nos confortamos, e seguimos em frente, pela vida afora, nos escorando
mutuamente. Até que um belo dia já conseguimos andar sozinhos. Nunca mais como antes, mas da melhor forma possível. A melhor forma possível, acreditem, é o melhor naquelas circunstâncias.


Aprendi que nada é permanente. Que atividades que nos deram muito prazer e ganho podem, em algum momento, não mais serem possíveis em nossa vida. A vida segue, nós mudamos e nossos interesses e necessidades também serão outros. Tudo na vida é dinâmico. Esse impositivo, eventualmente, nos constrange a fazer escolhas nem sempre fáceis. Mas sobrevivemos, a vida segue e nós com ela. E seguimos bem, acreditem.


Aprendi, finalmente, que meus recursos físicos são finitos. Aprendi que meu corpo, sábio em sua profunda natureza, se rebela quando não aceito suas limitações. Recusei-me a diminuir o ritmo, imaginando-me muito poderosa, e meu organismo resolveu a questão, parando e refazendo-se. E eu, sem outra opção, aceitei, reconheci-me frágil e segui em frente, mais vagarosamente, mais compassivamente, pois que a vida segue e eu sigo com ela.


Então, vejam, não só esse ano foi nuito difícil,como foi o ano mais importante vivido por mim até hoje. Aprendi lições duras e necessárias.


Sou uma pessoa melhor hoje do que ontem? Talvez.


Estou mais em paz comigo mesma? Nem sempre.


Mas, de uma forma sutil, estou mais sábia hoje do que ontem. Conheço-me mais e melhor. Esse conhecimento ajuda na jornada que me resta, ao longo da estrada da vida.


Por isso, como não agradecer? A vida traz em seu bojo, mercê da bondade infinita de Deus, a solução necessária. Só precisamos viver, com vontade, com gana! A cada ano estaremos não somente diferentes, mas estaremos melhores. Sempre digo, as coisas sempre melhoram! E, por
essa certeza, eu agradeço, de todo coração!

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