Saturday, July 2, 2011
Boca: comer e falar
Muitos dos programas para desenvolver a fala, encorajam imitação verbal sem focar na habilidade (ou falta de) da pessoa em processar informação sensorial e daí conseguir fazer os movimentos necessários de forma organizada para produzir um som ou uma sílaba.
É essencial saber sobre desenvolvimento típico para ser capaz de identificar quando alguém está exibindo atraso, desenvolvimento anormal ou desordenado.
Tipicamente, a criança com 24 meses não precisa mais morder no copo enquanto bebe, porque já desenvolveu a estabilidade interna da mandíbula (Evan-Morris & Dunn Klein, 1987). Uma criança que continua a morder no copo depois de 24 meses, teria atraso no desenvolvimento/amadurecimento das habilidades motoras-orais devido a uma falta de controle interno da mandíbula.
O ranger dos dentes, também pode ser causado pela falta de controle da mandíbula, problemas posturais que afetam o pescoço ou ferimentos na cabeça, uma vez que agrava diretamente os músculos na região da mandíbula, que por sua vez, acionam os dentes a rangerem.
A falta de controle interno da mandíbula também afeta a produção da fala e outros movimentos orais. Por exemplo, esta criança normalmente moverá a sua língua e mandíbula em conjunto para conseguir mover a comida de um lado para o outro da boca, ao invés de mover a língua separadamente da mandíbula.
A musculatura oral usada pela criança para se alimentar também é a mesma usada para a produção da fala. Os padrões sensórios-motores que a criança está produzindo enquanto come são semelhantes aos padrões sensório-motor necessário para produção da fala.
Pode ser difícil de entender a fala da criança com problemas sensório-motor-oral quando o tema da conversa não for conhecido, devido à falta de movimentos independentes dos lábios e da língua em relação aos movimentos da mandíbula por causa da falta de controle interno da mandíbula.
A presença contínua dos reflexos orais, tais como o reflexo de busca de alimento, reflexo de mordida fásica, etc, depois de uma idade em que deveriam estar integrados ao sistema nervoso da criança (geralmente entre 4 e 6 meses de idade) é considerada movimento primitivo. O termo primitivo é usado para se referir aos movimentos que são normalmente apenas vistos em bebês (Bobath & Bobath, 1975).
Crianças no espectro autista, freqüentemente apresentam baixo tônus muscular, que proporciona uma base pobre de apoio ao desenvolvimento do movimento. A criança deve trabalhar mais, desprendendo mais energia e atenção, para usar os músculos com baixo tônus muscular (Gagnon, 2003). Quando a criança começa a se mover contra a gravidade, ela começa a corrigir ou mantém, de forma anormal, certas partes do seu corpo para ganhar estabilidade e assim mover-se. Quanto mais “correções” ocorrem, os componentes normais de movimentos não se desenvolvem naturalmente. Essas correções anormais em uma área resultará em padrões de movimentos compensatórios em outras regiões, causando um feedback sensorial-motor anormal e assim respostas anormais do sistema nervoso central.
Este ciclo anormal de feedback, por sua vez, interfere com a capacidade da criança em produzir respostas adaptativas o que pode levá-la a reagir de forma exagerada ou diminuida a informação sensorial.
Bibliografia:
Improving Speech and Eating Skills in Children with Autism Spectrum Disorders - An Oral-Motor Program for Home and School by Maureen A. Flanagan, MA, CCC-SLP
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Marie, meu filho nunca, desde a fase de bebe que eu me lembre mastigou algum alimento ... Ele quando bebe teve refluxo, sofria com engasgos, e por medo (dele e meu), utilizamos refeições pastosas e/ou batidas por muito tempo ... quando surgiu a possibilidade dele estar no espectro autista que entendi que isso não foi só por minha culpa por não ter forçado a alimentação solida ... Percebi que o meu filho mordia objetos, mastigava bico de mamadeira, de chupeta, diversas coisas, e entendi que ele não consegue "processar" a questão da textura associada ao sabor ... Ontem por exemplo eu consegui fazer ele por uma batatinha frita na boca (eu segurando, pois ele não pega comida com a mão), e dai ele põe os labios cobrindo os dentes e "chupa" a batata ... Já iniciei equoterapia (que trabalha bem o sensorial em diversas areas, e tem uma To que vem em casa, mas ele esta muito relutante na terapia em casa) ... posso brincar com ele com texturas, desde que não seja com alimentos (tipo arroz cru, etc ... ele morre de pavor) o que mais posso fazer a esse respeito?????????????
ReplyDeletePrimeiro entender q a questão alimentar do seu filho não é sensorial e sim traumática, nele e em vc, e JAMAIS se culpe por isso.
DeleteO q seu filho desenvolveu foi uma aversão a ideia de comer algo diferente do q está super acostumado. O refluxo deve ter causado um mal estar grande a ele e ele associou esse mal estar ao comer.
O q ele come pastoso, comece a oferecer amassado, ou seja, um pouco menos líquido, ele vai resistir no começo, sorria e siga oferecendo, uma quantidade mínima, uma medida de colher de café. Se ele se recusar, associe a um reforço positivo, por exemplo, se ela ama algum brinquedo, mostre para ele e diga, "vc quer o pato?"(pato como exemplo de brinquedo), então coloque a língua na colher (a colherzinha com a comida menos pastosa), ele se recusa e vc diz, "q pena, o pato vai ter q esperar" e espere, ofereça de novo e assim até ele aceitar a colocar a língua na colher com a comida menos pastosa. Tolere a angústia dele com um sorriso e com afirmações q vc sabe q é difícil para ele, mas q ele está seguro, vc está ali, e juntos vcs podem q ele coloque a língua na comida menos pastosa.
Aos poucos, qdo ele já lamber a comida não pastosa, aumente a exigência para q ele mastigue um pedacinho, e assim aos poucos vá aumentando a quantidade.
Lembre-se: é um processo, não tenha pressa, não se frustre com a lentidão nos avanços. Qdo algo desanda na alimentação, é assim mesmo. Bj