Quatro anos de Brasil, impossível não olhar para trás e pensar no que mudou e no que segue igual ...
O calor, esse segue incomodando o Pedro, mas ao invés de se perder na emoção do desconforto ele já sabe que chupar gelo ajuda.
E o Pedro, ainda com seus altos e baixos, sempre crescendo porque a vida não pára, alguns desafios ficam para trás e outros novos aparecem.
A língua portuguesa está bem sedimentada, apesar que nos momentos de mais aflição o inglês sempre dá uma clareada mais rápida, já é mais que possível considerá-lo bilíngue. A fala segue igual, poucas palavras comunicativas, muito blá, blá, blá sem sentido, ecolalia não funcional, mas o entendimento deu um salto enorme, isso não quer dizer que ele faz o que lhe pedem, mas agora é por total opção e não por confusão.
O olhar comunicativo dele sofisticou, olha e sorri para agradar e ser agradado de volta, segue nosso olhar, mais atento ao mundo a sua volta, e a imitação é algo natural agora.
Um ponto marcante de 2010 é que onde fossemos todas as saídas estaríam que estar muito bem trancadas, em casa, na casa de qualquer pessoa, um sufoco o constante vigiar de portas e portões para que o Pedro não saísse para vaguear por aí, nestas férias a porta de casa destrancada, o entra e sai de crianças do condomínio, dos amigos do Luís e do próprio Luís (que é outra história de mudanças), o portão destrancado em Minas, na praia nada de correntes e cadeados, somente o portão encostado para que os cachorros da rua não entrem na casa, nada de pânico “cadê o Pedro?”, ele sempre por perto, sempre se fazendo notar.
Seletividade alimentar segue, apesar de alguns ganhos como pipoca, requeijão, pão francês, brigadeiro. Ele não come mais feijão e arroz nas festas de aniversário!!! Muito mais adaptável nessa questão.
A escola é um desafio ainda maior agora, na primeira série ele era mais avançado que os colegas nos conteúdos, hoje, prestes a iniciar a 4a série ele ficou muitíssimo defasado, nenhuma adaptação na escola, nenhuma escola especial que abraçasse as peculiaridades dele na minha região, a 3a série foi marcada por muitas frustrações e desrespeito às suas singularidades, Pedro sendo forçado a aprender de uma forma “normal” só prejudicou o relacionamento dele com a vida escolar, hoje ele ignora a todos, só respeita o Prof João porque o João é a única pessoa que respeita e acredita no Pedro, mas uma única andorinha não faz verão, porém seguimos de cabeça erguida e na esperança de dias melhores, por pura falta de opção. Que Deus abra a mente da nova direção para que eles abram o portão da escola para a ajuda que estamos tão prontos a dar.
O Luís, se for para resumir em uma palavra estes quatro anos, essa palavra seria ALOHA!
Amadureceu, se tornou o maior companheiro que eu já tive na vida, é querido, tem amigos e é amigo.
Vem superando suas questões sensoriais, entendendo melhor seu corpo.
Viemos de um ponto que ir a praia, ou qualquer outro lugar, somente de tênis e meias, aos poucos aceitou entrar no mar, no colo e vestindo sandálias, daí aceitou colocar o corpo na água e os pés no chão, sempre de sandálias. Um dia resolveu que não precisava mais de sandálias dentro do mar. Isso no verão de 2011, daí resolvemos fazer bodyboard que foi um desastre, ficava bravo se não conseguia pegar uma onda ou se eu pegava a onda sem ele, muitos gritos, choro e horas sentado na beira da praia. A ajuda do Eric Hamblen foi fundamental para descobrir o que acontecia, o que estava por trás daquele comportamento, e lá fomos nós trabalhar 1 ano inteiro questões como ganhar ou perder e perfeccionismo. Essa intervenção refletiu imensamente em sua habilidades sociais e foi crucial para ele aprender a ser amigo.
Hoje, ele se arrisca em manobras, erra, tenta de novo, não só no mar, mas na vida! Ri dos seus erros mas se esforça para acertar.
O calor, esse segue incomodando o Pedro, mas ao invés de se perder na emoção do desconforto ele já sabe que chupar gelo ajuda.
E o Pedro, ainda com seus altos e baixos, sempre crescendo porque a vida não pára, alguns desafios ficam para trás e outros novos aparecem.
A língua portuguesa está bem sedimentada, apesar que nos momentos de mais aflição o inglês sempre dá uma clareada mais rápida, já é mais que possível considerá-lo bilíngue. A fala segue igual, poucas palavras comunicativas, muito blá, blá, blá sem sentido, ecolalia não funcional, mas o entendimento deu um salto enorme, isso não quer dizer que ele faz o que lhe pedem, mas agora é por total opção e não por confusão.
O olhar comunicativo dele sofisticou, olha e sorri para agradar e ser agradado de volta, segue nosso olhar, mais atento ao mundo a sua volta, e a imitação é algo natural agora.
Um ponto marcante de 2010 é que onde fossemos todas as saídas estaríam que estar muito bem trancadas, em casa, na casa de qualquer pessoa, um sufoco o constante vigiar de portas e portões para que o Pedro não saísse para vaguear por aí, nestas férias a porta de casa destrancada, o entra e sai de crianças do condomínio, dos amigos do Luís e do próprio Luís (que é outra história de mudanças), o portão destrancado em Minas, na praia nada de correntes e cadeados, somente o portão encostado para que os cachorros da rua não entrem na casa, nada de pânico “cadê o Pedro?”, ele sempre por perto, sempre se fazendo notar.
Seletividade alimentar segue, apesar de alguns ganhos como pipoca, requeijão, pão francês, brigadeiro. Ele não come mais feijão e arroz nas festas de aniversário!!! Muito mais adaptável nessa questão.
A escola é um desafio ainda maior agora, na primeira série ele era mais avançado que os colegas nos conteúdos, hoje, prestes a iniciar a 4a série ele ficou muitíssimo defasado, nenhuma adaptação na escola, nenhuma escola especial que abraçasse as peculiaridades dele na minha região, a 3a série foi marcada por muitas frustrações e desrespeito às suas singularidades, Pedro sendo forçado a aprender de uma forma “normal” só prejudicou o relacionamento dele com a vida escolar, hoje ele ignora a todos, só respeita o Prof João porque o João é a única pessoa que respeita e acredita no Pedro, mas uma única andorinha não faz verão, porém seguimos de cabeça erguida e na esperança de dias melhores, por pura falta de opção. Que Deus abra a mente da nova direção para que eles abram o portão da escola para a ajuda que estamos tão prontos a dar.
O Luís, se for para resumir em uma palavra estes quatro anos, essa palavra seria ALOHA!
Amadureceu, se tornou o maior companheiro que eu já tive na vida, é querido, tem amigos e é amigo.
Vem superando suas questões sensoriais, entendendo melhor seu corpo.
Viemos de um ponto que ir a praia, ou qualquer outro lugar, somente de tênis e meias, aos poucos aceitou entrar no mar, no colo e vestindo sandálias, daí aceitou colocar o corpo na água e os pés no chão, sempre de sandálias. Um dia resolveu que não precisava mais de sandálias dentro do mar. Isso no verão de 2011, daí resolvemos fazer bodyboard que foi um desastre, ficava bravo se não conseguia pegar uma onda ou se eu pegava a onda sem ele, muitos gritos, choro e horas sentado na beira da praia. A ajuda do Eric Hamblen foi fundamental para descobrir o que acontecia, o que estava por trás daquele comportamento, e lá fomos nós trabalhar 1 ano inteiro questões como ganhar ou perder e perfeccionismo. Essa intervenção refletiu imensamente em sua habilidades sociais e foi crucial para ele aprender a ser amigo.
Hoje, ele se arrisca em manobras, erra, tenta de novo, não só no mar, mas na vida! Ri dos seus erros mas se esforça para acertar.
Segue fluente em inglês e o português está independente, ainda faz umas inversões gramaticais, mas nada que comprometa o entendimento. Não liga para as correções e tirações de sarro que vem das outras crianças por seus erros na linguagem. Ama a escola! Lembro que em 2011 dei um depoimento á MTV que o Luís detestava ir para a escola, hoje tudo mudou, isso se deve ao amadurecimento emocional que ele conseguiu atingir.
Como irmãos, a relação mudou demais, não são rivais, são companheiros, cada um dentro de suas possibilidades. Hoje, ambos entendem que o Luís tem o papel de irmão mais velho, apesar de ser o caçula, cuida do irmão sem mimá-lo e cuida de mim com muitos mimos. O Pedro entende que o Luís é seu referencial e obedece ao irmão como não o faz com muitos adultos, quantas vezes eu ouço um “mãe, deixa comigo!’ e lá vai Luís no topo dos seus somente 8 anos fazer o irmão tomar banho e vestir pijama, ajudar com as compras e tirar o prato da mesa, além de ajudá-lo a acalmar-se quando o Pedro perde o controle.
E que venham mais 4 anos, mais viagens, mais amigos, mais compaixão e mais amor para nós!
Love,
Marie
Nossa trajetória
Marie, não tenho como expressar o quanto me inspira e me anima ler suas experiências. Gosto tanto de vcs 3, q apesar de indevido, sinto como se fossem da minha família. Se pudesse, mandaria um presentinho por semana, só pra ficar evidente a gratidão e alegria que sinto pela maneira q vcs lidam e encaram o autismo. Parabéns! Que venham muitos anos e ainda os quero conhecer pessoalmente.
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